quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cap. 7

 7# Mercado das bruxas & trânsito caótico

Subimos a ladeira em direção ao mercado de hechicería (feitiçaria), que fica na calle Jiménez e Linares. Aqui se vende de tudo para suplicar os maus e os bons espíritos do universo Aymará, ou seja é a 25 de março da macumba. Me senti como um ingrediente precioso pra alguma poção mágica, isso porque todos olhavam com olhos de que queriam me comer(e não é nesse sentido que vocês pensaram seus pervertidos).
Cada flash que eu dava, era um feitiço diferente que eu ganhava. Eles odeiam fotos. A não ser que você compre uma macumbinha na lojinha deles.

                                                           (paraíso do ambientalista)

Ao longo do mercado, é possivel ver vários fetos de lhamas pendurados e ressecados à venda.
Mas qual seria a finalidade do bichinho morto, já que nem vivo ele serve pra muita coisa além de cuspir e sair de Robert nas fotos dos turistas ?
Lhes explicarei, se estiveres construindo uma casa nova, você pode comprar um feto de llama, para enterra-lo perto da fundação, como uma oferenda a Pachamama (mãe terra).



Antes que algum meninão pera com leite pergunte, não eles não fedem.

Se você for alguém que joga pedra com a mão esquerda, alguém muito sensível criado pela vó, você estará fodido aqui. Outro dia desses, me perguntaram se eles lavam os cobertores nos hostels.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
O cobertor do hostel é quase uma epidemia à parte. Eles não lavam nem os talheres.

Se não houvesse uma fila imensa teríamos consultado o yatiri que realiza a leitura da sorte, na folha de coca.
Na verdade não queriamos saber mesmo, imagina se na nossa vez ele saisse correndo, gritando palavras em Aymará.. Melhor mesmo era não saber o que nos aguardava.

                                             (na falta de buzios, vai na folha de coca mesmo)

Em uma das lojinhas encontramos alucinógenos à venda, uma pechincha, vale cada centavo.
Entre eles a nossa famosa aiahuasca, ou chá do santo dime, aquele do Glauco. Que já vem pronto pra consumo, só agitar antes de beber.
E também o cactus de san Pedro, o mesmo utilizado nos rituais inca, de trepanação craniana. Mas esse dava um pouco mais de trabalho. Ingredientes :
- um cactus inteiro
- uma vasilha pra ferver que possa ser jogada fora depois
- xícaras
- um xamã, pra falar as palavras mágicas (é sério).



Na mesma loja encontramos amuletos da sorte, como estes simpáticos sapos pra por no chaveiro do carro. Quem não gosta de um talismã não é mesmo.


E pros mais afixionados numa macumba braba, a loja disponibiliza também um lindo condor andino.

                                                  (Escondidinho. só pra clientes especiais)

Como sempre tive cagaço ressalvas, quanto a tais práticas resolvi não lidar com esses sortilégios.
Já o Debbie comprou uma amarração pro amor, que ainda não funcionou.

Sobrevivemos ao mercado, então começamos à subir mais ainda. Nos deparamos com o trânsito impiedoso de La Paz.
Lembra daquele jogo antigo, que você era um sapinho que tinha que atravessar a rua, e que era impossível passar do level um? Foi o meu momento nostalgia. Me senti como no jogo, com a diferença que eu não tinha 5 vidas.

Não posso deixar de comentar a trilha sonora que nos acompanhava, composta principalmente pelas buzinas.
Sabe qual a primeira coisa que o boliviano pergunta quando vai comprar um carro ?
Se a busina do modelo é potente ou não.
Mesmo com o carro estacionado eles continuam businando. Chega a ser engraçado e desesperador.

Outra coisa estranha de se ver por aqui, são as vans. Sai uma vem outra, mas o curioso é que elas são idênticas. Na verdade isso é um truque, uma ilusão de ótica. Você pensa que são várias, um sistema eficaz de transporte e tal, mas não se engane, é a mesma van que apenas deu a voltinha e pregou um truque em você.

Além disso a  van onipresente conta com um índio psicopata que vai dependurado gritando muito rápido o destino da condução.
Ele berra: _  jáen ninõ, av. vilazón, plazza del governador
Você entende: _  jacarézinõ, avión, cuidado con el disco volador


Os taxistas em geral compram os carros com o volante original no lado direito (mão inglesa), no entanto quase todos os carros possuem uma cicatriz de adaptação, ou seja o costume é cortar o painel e passar o volante para o lado esquerdo junto com pedais e outros controles. Me indago afônico, não seria mais prático comprar um modelo de volante sinistro?

                                           (Exemplo de serviço de porco automóvel modificado.)

No próximo capítulo, estrada da morte..

3 comentários:

  1. Isso tudo e ainda um sapo brasileiro de brinde!! A foto ficou bacana pacas!!

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  2. KKKKKKKKKKK... Até o Jorge Bem estava la...
    Boa!

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  3. uauauaua, trânsito insano mesmo! o joguinho "frog" foi demais, é bem isso, nos primeiros dias lá, eu demorava uma cara pra se enfiar no meio, curioso é que existem alguns lugares que tem guardas de trânsito, mas só de bonito, porque os carros quase passam por cima deles! não mandam nada!!!hahah e as vans ... cada vez que eles gritavam eu pensava comigo "porra, meu espanhol tá muito fraco, não entendo nada que estes caras falam" ..massa, massa...

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Para pensar

"..Enquanto uns reclamam dos ventos, outros ajustam as velas..."